Rinite em Portugal
A rinite é uma das doenças crónicas mais frequentes a nível mundial, estimando-se que atinja entre 10 e 20% da população mundial. Associa-se frequentemente à conjuntivite, à rinossinusite e à asma; quando não tratada e/ou não controlada, contribui para a maior gravidade e perda de controlo da asma.
Estudos recentes, de base populacional, avaliaram a prevalência de rinite em Portugal; são de referir o Inquérito Nacional de Prevalência de Asma (INPA) e os estudos ARPA. O estudo INPA, realizado em 2010, incluiu mais de 6000 participantes e estimou que, globalmente, 22% da população portuguesa tem queixas de rinite. Os indivíduos com rinite apresentaram um risco de asma atual quase quatro vezes superior ao dos indivíduos sem rinite; e, quando a rinite se associava a sinusite, esse risco aumentava quase dez vezes.
Os estudos ARPA avaliaram a prevalência de rinite em diversos grupos etários, incluindo crianças de idade pré-escolar, adultos e idosos. No estudo ARPA-kids, (2007), foram avaliadas por questionário 5018 crianças entre os 3 e os 5 anos; nesta faixa etária, a prevalência de rinite atingiu os 43%. A maioria das crianças apresentava rinite intermitente ligeira, sendo que 7% tinham formas persistentes e graves da doença. No entanto, 74% das crianças com rinite não tinham diagnóstico médico prévio e apenas cerca de 25% tinham feito tratamento para a rinite no ano anterior.
Na população adulta (25-64 anos), considerando 4413 questionários preenchidos em centros de saúde, em 2004, estimou-se uma prevalência de 26%; destes, 50% tinham sintomas persistentes.
Na população com idade ≥ 65 anos, avaliada no estudo ARPA-seniores, em 2008, a prevalência de rinite foi de 30%. Tal como noutros grupos etários, as formas intermitentes foram as mais frequentes (cerca de 75% dos participantes); no entanto, mais de 40% referiam sintomas nasais com interferência nas atividades diárias e/ou no sono.
Neste estudo, encontrou-se um aumento gradual e significativo do risco de asma com o aumento da gravidade da rinite, atingindo um risco de 40 vezes nos indivíduos com rinite persistente moderada-grave (em comparação com os sem rinite). Apesar da elevada prevalência e da forte associação com a asma, também neste grupo etário a rinite estava subdiagnosticada e subtratada (apenas 39% dos com rinite).
Não há estudos publicados sobre os custos da rinite em Portugal, mas em Espanha sabe-se que esta patologia é responsável por custos diretos e indiretos elevados, atingindo um total de 1708€/ doente/ano (584€ e 1125€, respetivamente).
Em resumo, a rinite é uma patologia crónica com elevada prevalência em todos os grupos etários; no entanto, é frequentemente subdiagnosticada e subtratada. O diagnóstico e o tratamento precoces da rinite poderão controlar a doença, prevenir as suas comorbilidades e reduzir os seus custos totais, particularmente os indiretos.