No passado dia 28 de Outubro de 2017 decorreu na Figueira da Foz o primeiro módulo do programa “SPAIC-AZ - Lung Residents Academy” numa parceria SPAIC-ASTRAZENECA subordinado ao tema: “Comunicação em Saúde” destinada a Internos de Imunoalergologia. Contou com a presença do Professor Doutor João Fonseca, Imunoalergologista no Hospital CUF Porto, e do Professor Doutor Pedro Morgado, Psiquiatra no Hospital de Braga e participaram internos de Imunoalergologia de diferentes pontos do país. Foto gentilmente cedida pela JustNews.
A sessão dividiu-se em duas partes principais, uma apresentação teórica seguida de discussão de casos clínicos. Nas apresentações pretendeu-se identificar os maiores desafios na comunicação com o doente, com um foco especial para a patologia respiratória, cujo tratamento implica muitas vezes a utilização diária de dispositivos pouco intuitivos para os doentes. Foram abordados aspetos da comunicação verbal e não-verbal integrantes da relação médico-doente, tendo sido incentivada, num ambiente informal, a participação dos internos.
Numa segunda fase, através da discussão de casos clínicos, utilizando um programa informático a que todos os participantes tiveram acesso nos seus próprios dispositivos móveis, foram aplicados os conceitos debatidos anteriormente. Desta forma foi possível de forma anónima perceber quais os obstáculos e dificuldades sentidos mais frequentemente pelos participantes na interacção com o doente na consulta. Foi também incentivada a partilha de casos exemplificativos já experienciados pelos internos na prática clinica e a discussão das formas como cada um poderia melhorar a sua actuação.
Numa época em que as decisões clínicas devem ser tomadas cada vez mais em conjunto com o doente de modo a que a relação terapêutica médico-doente seja fortalecida, torna-se fulcral que o médico saiba comunicar da melhor forma. Este aspeto é especialmente importante para o seguimento de doentes crónicos, como é o caso da Imunoalergologia, onde as preferências do doente devem ser integradas no plano terapêutico, de modo a garantir uma boa adesão ao mesmo.
A importância de estabelecer uma relação de confiança entre médico-doente foi uma das ideias que saiu reforçada, sendo determinante para uma boa prática clínica. A empatia, o autoconhecimento das características pessoais de cada um, bem como o reconhecimento de processos de contratransferência entre os vários intervenientes da consulta são factores que influenciam o tipo de relação conseguida, pelo que é imperativo o ganho de consciência dos mesmos. A intervenção de um psiquiatra nesta sessão foi fulcral, uma vez que proporcionou aos participantes o confronto com estes conceitos e demonstrou diversas formas de ajustar o comportamento em função da situação e do doente, para uma prática clínica mais holística e personalizada.
Outro conceito de extrema importância para a prática clínica de um médico, cuja actividade assistencial assenta maioritariamente em consulta, foi a capacidade de cada consulta ser um novo momento de aprendizagem e fortalecimento desta relação.
Assim, numa sociedade com acesso livre a informação, que muitas vezes é errada, este tipo de formação focada nas competências sociais torna-se cada vez mais fundamental na formação de jovens médicos, para que estes consigam colocar em prática os conhecimentos científicos mais actuais, tendo como finalidade a melhor abordagem para o doente.
A SPAIC congratula-se pelo sucesso desta iniciativa e parceria. Em 2018, realizar-se-á uma segunda edição deste programa em data e local a anunciar sendo que, a SPAIC convida desde já todos os Internos a participar.
As Internas,
Nicole Pinto, Marisa Paulino, Ana Palhinha